Brasília, 19 de novembro de 2015 – Uma equipe do Observatório Nacional (ON), do Rio de Janeiro, fez um levantamento das placas fotográficas que fazem parte do resultado da expedição que observou o eclipse total do Sol na cidade de Sobral (CE) em 1919 e contribuiu para a comprovação da Teoria da Relatividade Geral, de Albert Einstein.
Composto pelo astrônomo Carlos Veiga, pelas bibliotecárias Katia dos Santos e Luiza Dias e pelo analista Renaldo Junior, o grupo avaliou 900 placas fotográficas do acervo da biblioteca do Observatório. Pela importância científica, foram selecionadas as 61 placas das observações do famoso eclipse, que ainda guardam fielmente a imagem da lua nova encobrindo perfeitamente a imagem do Sol, registradas num dia muito especial para a ciência.
A partir da segunda metade do século 19, as imagens fotográficas eram registradas em placas de vidro. Esse dispositivo, coberto por uma emulsão contendo sais de prata sensíveis à luz, era usado não só para registrar o cotidiano, mas também pela comunidade astronômica, até a última década do século passado, para observação de corpos celestes. Por ter um baixo coeficiente de dilatação térmica, as placas de vidro garantiam, ao longo do tempo, a precisão e confiabilidade das medidas astronômicas.
A fotografia permitiu um grande avanço para a astronomia e para o desenvolvimento da astrofísica, passando a ter um papel de detector, comparando os dados observacionais com o distanciamento temporal de grandes estruturas, como as galáxias. Em 1873 foi iniciado um programa sistemático de observação da atividade das manchas solares e eclipses e da coroa solar.
Oportunidade – Na manhã de 29 de maio de 1919, um fenômeno celeste trocaria, por alguns minutos, o dia pela noite numa pacata cidade do Nordeste. Os minutos de duração do fenômeno deveriam ser aproveitados ao máximo. Era a oportunidade para comprovar experimentalmente uma nova afirmação científica prevista por uma teoria idealizada por Einstein (1879-1955), físico de origem alemã: a relatividade geral, que pode ser entendida como uma teoria que explica os fenômenos gravitacionais.
Sobral, a cidade cearense, seria o palco que ajudaria a confirmar um efeito previsto pela relatividade geral: a deflexão da luz, na qual um feixe de luz (neste caso, vindo de uma estrela) deveria ter sua trajetória encurvada (ou desviada) ao passar nas proximidades de um forte campo gravitacional (no caso, gerado pelo Sol).
Esse desvio da luz faz com que a estrela observada seja vista em uma posição aparentemente diferente de sua posição real. O objetivo dos astrônomos era medir um pequeno ângulo formado por essas duas posições.
Naquele dia, haveria um eclipse solar total. Os cálculos previam que deveria haver, pelo menos, uma estrela localizada no fundo de céu cuja luz passasse próxima ao bordo solar. Com essa configuração e boas condições meteorológicas, haveria grande chance de comprovar a nova teoria.
Fonte: ON
Ilustração: Divulgação/ON – Ilustração do efeito da deflexão da luz previsto pela Teoria da Relatividade. Os elementos do desenho estão fora de escala.
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