Imagens das placas (18 cm x 24 cm) de um dos telescópios usados.
A da direita mostra uma estrela, assinalada pela seta branca,
à esquerda da protuberância solar. Em geral as imagens foram
obtidas com um tempo de exposição de oito segundos.
no site do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) destacando que uma equipe doObservatório Nacional (ON) reuniu as placas fotográficas da expedição brasileira que contribuiu em 1919 para comprovar a Teoria da Relatividade de Albert Einstein.
Equipe selecionou 61 placas do Observatório Nacional que
documentam eclipse de 1919. Observação em Sobral (CE)
ajudou a demonstrar conclusões de Albert Einstein.
Crédito: Observatório Nacional
Uma equipe do Observatório Nacional (ON/MCTI) fez um levantamento das placas fotográficas que fazem parte do resultado da expedição que observou o eclipse total do Sol na cidade de Sobral (CE) em 1919 e contribuiu para a comprovação da Teoria da Relatividade Geral, de Albert Einstein.
Telescópio refrator astrográfico do construtor Mailhat, com 15cm de abertura da objetiva e 8m de distância focal, conjugado com um celostato (conjunto de espelhos planos que permitem registrar a imagem refletida do Sol sobre uma placa fotográfica). Crédito: Observatório Nacional.
Composto pelo astrônomo Carlos H. Veiga, pelas bibliotecárias Katia T. dos Santos e M. Luiza Dias e pelo analista Renaldo N. da S. Junior, o grupo avaliou 900 placas fotográficas do acervo da biblioteca do Observatório. Pela importância científica, foram selecionadas as 61 placas das observações do famoso eclipse, que ainda guardam fielmente a imagem da lua nova encobrindo perfeitamente a imagem do Sol, registradas num dia muito especial para a ciência.
Momentos que antecederam o início do eclipse com a participação da população de Sobral. Crédito: Observatório Nacional.
A partir da segunda metade do século XIX, as imagens fotográficas eram registradas em placas de vidro. Esse dispositivo, coberto por uma emulsão contendo sais de prata sensíveis à luz, era usado não só para registrar o cotidiano, mas também pela comunidade astronômica, até a última década do século passado, para observação de corpos celestes. Por ter um baixo coeficiente de dilatação térmica, as placas de vidro garantiam, ao longo do tempo, a precisão e confiabilidade das medidas astronômicas.
Imagem de Henrique Morize (esquerda) e de Teófilo H. Lee (direita), especialista em espectroscopia. Crédito: Observatório Nacional.
A fotografia permitiu um grande avanço para a astronomia e para o desenvolvimento da astrofísica, passando a ter um papel de detector, comparando os dados observacionais com o distanciamento temporal de grandes estruturas, como as galáxias. Em 1873 foi iniciado um programa sistemático de observação da atividade das manchas solares e eclipses e da coroa solar.
Realização do frágil e paciente trabalho de higienização das placas fotográficas (a). As placas estão armazenadas dentro de caixas para preservação (b). Crédito: Observatório Nacional.
Uma Manhã Que Mudou a Ciência
Na manhã de 29 de maio de 1919, um fenômeno celeste trocaria, por alguns minutos, o dia pela noite numa pacata cidade do Nordeste brasileiro. Os minutos de duração do fenômeno deveriam ser aproveitados ao máximo. Era a oportunidade para comprovar experimentalmente uma nova afirmação científica prevista por uma teoria idealizada por Einstein (1879-1955), físico de origem alemã: a relatividade geral, que pode ser entendida como uma teoria que explica os fenômenos gravitacionais.
Imagens das placas (18cm x 24cm) de um dos telescópios usados em Sobral. As imagens mostram duas placas (I e VIII). Na imagem da direita pode-se ver uma estrela, assinalada pela seta branca, à esquerda da protuberância solar. Em geral as imagens foram obtidas com um tempo de exposição de 8 segundos. Crédito: Observatório Nacional.
Sobral, a cidade cearense, seria o palco que ajudaria a confirmar um efeito previsto pela relatividade geral: a deflexão da luz, na qual um feixe de luz (neste caso, vindo de uma estrela) deveria ter sua trajetória encurvada (ou desviada) ao passar nas proximidades de um forte campo gravitacional (no caso, gerado pelo Sol).
Esse desvio da luz faz com que a estrela observada seja vista em uma posição aparentemente diferente de sua posição real. O objetivo dos astrônomos era medir um pequeno ângulo formado por essas duas posições.
Naquele dia, aconteceria um eclipse solar total. Os cálculos previam que deveria haver, pelo menos, uma estrela localizada no fundo de céu cuja luz passasse próxima ao bordo solar. Com essa configuração e boas condições meteorológicas, haveria grande chance de comprovar a nova teoria.
Leia mais e veja outras imagens do evento histórico, além de indicações bibliográficas.
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