Ao final deste mês, 24 militares das Forças Armadas terão concluído a primeira fase de preparação para integrar o grupo que vai operar o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC). O equipamento, que vai atender demandas de comunicações militares e civis – como o Plano Nacional de Banda Larga, será lançado no próximo ano a partir da base de Kourou, na Guiana Francesa, no foguete Ariane 5.
“A expectativa da sociedade brasileira sobre o SGDC é muito grande em relação à autonomia nas comunicações do governo brasileiro”, afirma o Coronel Hélcio Vieira Junior, Comandante do Núcleo do Centro de Operações Espaciais Principal (NUCOPE- P).
Com duração de quatro meses, o curso realizado em São José dos Campos (SP) tem o objetivo de unificar o conhecimento básico sobre a área espacial dos profissionais de diferentes áreas. “O assunto espacial é muito específico. Os engenheiros de computação, telecomunicações e eletrônica, entre outros, precisam dessa base de conhecimento”, detalha.
É o caso do Tenente-Coronel Sidney César Coelho Alves. Aviador pós-graduado em guerra eletrônica dedicou anos de sua carreira militar na administração do Sistema de Comunicações Militares (SISCOMIS) no Ministério da Defesa. Agora, está imerso em aulas do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) sobre teorias, métodos de lançamentos, materiais usados na construção de um equipamento, sistemas e subsistemas empregados em satélites, entre outros. “Temos uma visão geral em termos espaciais”, afirma o oficial da Aeronáutica.
À medida que se aproxima o período de lançamento, se intensificam os preparativos da equipe que vai operá-lo. No início deste mês, o grupo foi até Guaratiba (RJ) para conhecer o centro de operações da empresa StarOne. Este centro opera sete satélites, entre eles o StarOne C1 e StarOne C2 - satélites geoestacionários de comunicações que fornecem serviços para o Sistema Militar de Comando e Controle do Ministério da Defesa. “Vimos na prática como é a operação e tivemos uma visão futura do que vamos fazer”, conta o Tenente-Coronel Sidney.
A visita faz parte do currículo do curso, cuja realização no Brasil é pioneira. O projeto é resultado de um esforço conjunto de diferentes instituições, como Agência Espacial Brasileira (AEB), INPE, ITA, Ministério da Defesa e Comando da Aeronáutica. Nas primeiras semanas, o grupo participou de aulas do curso itinerante da Força Aérea dos Estados Unidos sobre operação de satélites. “Esse curso não existe no Brasil. Tivemos que partir do zero para construí-lo”, revela o comandante do NUCOPE- P.
Um segundo grupo de profissionais está realizando os cursos preparatórios em centros de operações na Europa, no Chile e na América do Norte. Os primeiros passos neste sentido iniciaram ainda em 2014.
A próxima fase, prevista para o primeiro trimestre de 2016, prevê que os dois grupos estejam aptos para participar do curso com a fabricante do SGDC, a empresa francesa Thales Alenia Space.
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