Explosão de Foguete no Maranhão
Afeta Etapa do Programa Espacial
Para comunidade científica em São José, principais riscos são o
possível atraso no cronograma e a perda de gente especializada
São José dos Campos
November 28, 2015 - 00:37
Lançamento do VS-40M para teste.
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A explosão do foguete não tripulado VS-40M, no último dia 13 de novembro, pode prejudicar o andamento do Programa Espacial Brasileiro.
Para membros da comunidade científica em São José, as principais consequências do acidente podem ser um atraso no cronograma do programa e a perda de profissionais experientes.
Uma falha no motor do foguete causou a explosão do equipamento, que seria lançado no Centro de Lançamento de Alcântara, no litoral do Estado do Maranhão.
A operação contava com organizações militares do DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), de São José.
O objetivo do lançamento do VS-40M era testar, em voo suborbital, o Sara (Satélite de Reentrada Atmosférica), plataforma destinada a experimentos no espaço. Era o primeiro de quatro testes.
Estimativa do Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial aponta para um prejuízo de cerca de R$ 18 milhões com a explosão. Uma investigação foi aberta para apurar o acidente em Alcântara.
“Explosão traz prejuízos econômicos para União, que perdeu o primeiro protótipo de voo do Sara, sete toneladas de combustível e um foguete”, disse Gino Genaro, funcionário do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e secretário de comunicação do sindicato.
“Para nós, porém, muito além do prejuízo financeiro, o risco é não saber quando serão as novas tentativas.”
Risco. Genaro lembrou do episódio do VLS (Veículo Lançador de Satélites), que também explodiu em Alcântara e causou a morte de 21 técnicos e engenheiros de São José, em agosto de 2003.
Segundo o secretário, o governo federal previa relançar o VLS dois anos após o acidente, ou seja, em 2005, mas o veículo não foi lançado até hoje. “Isso é muito pior do que a falha do foguete. É o atraso no Programa Espacial”, afirmou.
“Deve-se descobrir qual foi o erro dentro de um prazo que não pode demorar mais do que um ano, e podendo lançar o Sara com o VS-40 logo depois. Mas se tiver que esperar mais 10 anos para uma nova tentativa estaremos no fundo do poço do Programa Espacial.”
Outro problema apontado pelo especialista é na dissolução de equipes experientes se o projeto demorar anos para ser retomado.
“Se o próximo lançamento demorar anos, a equipe não será a mesma e a pessoa que entrou no meio do caminho pode perder a experiência daquele que saiu.”
Sindicato quer alternativas para manter programa
São José dos Campos - O Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial realizou na última quinta-feira, no INPE, em São José dos Campos, o debate “Análise e alternativas para o Programa Espacial Brasileiro”.
Participaram do encontro cerca de 120 pessoas, boa parte delas da comunidade científica da região, incluindo funcionários do INPE.
Eles discutiram vários temas, entre eles a revisão do modelo de governança para as atividades espaciais no Brasil, que poderá impactar diretamente na gestão do INPE.
Portaria interministerial publicada neste ano revê a forma como é realizada ciência e a tecnologia no país, incluindo a alteração no modelo de governança, que poderá ser feito por meio de uma OS (Organização Social), e não mais com funcionários concursados.
Para o sindicato, a proposta sugere a privatização de institutos de pesquisas. “O INPE é a cereja do bolo. Querem precarizar e trazer solução milagrosa, que em geral seria uma OS”, disse o presidente do sindicato, Ivanil Elisiário Barbosa.
Fonte: Site do Jornal “O VALE” - 28/11/2015
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